domingo, 24 de julho de 2011

Pescadores são fiscais do Paraíba


Dos mais de 300 piraquaras que viviam na comunidade de Beira-Rio, em São José dos Campos, hoje restam pouco mais de 20. O fim da piabanha, do dourado, da traíra e do lambari, de 20 anos para cá, está condenando o grupamento à morte. Hoje só restam uns poucos mandis, sem nenhum interesse comercial.


– A poluição matou tudo. Botaram alguma química – suspeita Alziro Ramos, 75 anos, 14 filhos e 62 netos, pescador desde criança.
– Não tem fiscalização aqui, quem corre o Paraíba é nós, e nós não vemos ninguém do governo por aqui – diz o velho pescador à sombra de um exótico pessegueiro japonês, nos fundos da casinha paupérrima em que vive às custas de pensão do INSS.

Uma horta comunitária ajuda os remanescentes a sobreviver. A escola de ensino fundamental funciona ao lado, montada sob um galpão de lona. Um pouco acima da colônia, uma sucessão de obras de condomínios de luxo devasta a vegetação ciliar e desmonta com dragas as margens do rio.

A colônia tinha 1.200 pescadores em 1951; hoje eles não passam de 300. Os pescadores culpam as empresas de extração de areia, “todas legalizadas”, pelos maiores danos ao rio. Os sobreviventes da pesca estão se mantendo com os quatro salários que recebem do Governo Federal durante o período da desova, de novembro a fevereiro. E a pesca, uma tradição que passava de pai para filho, deixou de ser atraente.


Matéria publicada da Revista da ALERJ - Assembleia Legislativa do Estado do Rio de Janeiro, Dezembro 2007 http://pt.scribd.com/doc/3798149/RA

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